Colecção temática Mortórios do Douro
O processo erosivo plistocénico duriense, que originou a sua actual paisagem, foi também determinante na evolução do seu tapete vegetal mais recente. Ao longo de pouco mais de dois milhões de anos foram criando-se as populares encostas durienses que, segundo iam atingindo o seu acentuado perfil, acolheram uma vegetação mais térmica e húmida. Esta cobertura vegetal, que naturalmente foi encontrando condições ambientalmente óptimas nos recém criados vales durienses, acabou também por se transformar no refúgio natural de flora que foi migrando de Sul para Norte nos últimos períodos glaciares, ou de Norte para Sul nas épocas em que a frente polar avançava na direcção do equador terrestre. Não resulta assim estranho que o vale duriense seja hoje uma amálgama extremamente diversificada de flora vascular, resultante dessa migração recente de flora fruto dos repetidos recuos e avanços da frente polar.
Este fenómeno natural das glaciações provocou, ao mesmo tempo, uma combinação de formações vegetais próprias desses períodos glaciares e interglaciares. Comunidades vegetais características de condições ambientais frescas e húmidas, com outras mais quentes e igualmente húmidas e, finalmente, outras igualmente quentes mas secas são o reflexo das variações termopluviométricas associadas a esse ritmo imposto pela dinâmica polar. Na actualidade, essa mistura dificilmente imaginável de flora e vegetação está concentrada nos lendários mortórios durienses. Sinais do abandono agrícola perante a ferocidade implacável da filoxera, os mortórios conseguem reunir toda essa dinâmica florística ajudados pela suavidade térmica facilitada pela conjugação da humidade atlântica e, ao mesmo tempo, pelo encaixe proporcionado pelas suas encostas. Junto a medronheiros (Arbutus unedo), mil-folhados (Viburnum tinus), cornalheiras (Pistacia terebinthus) ou lentiscos bastardos (Phillyrea angustifólia) podemos encontrar uma inesperada reunião de carvalhos (sobreiros, carvalhos alvarinhos, azinheiras, cerquinhos ou os esplêndidos carvalhos durienses Quercus coutinhoi e Q. henriquesii) e numerosos endemismos exclusivos do Douro (como a Digitalis amandiana ou a Trigonella amandiana, entre outros muitos).
Muitas destas espécies encontram-se representadas na colecção temática dos mortórios do Douro, olhando a um dos mais representativos vales durienses, o vale do rio Corgo.
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