Colecção temática Fruteiras Silvestres
Os ecossistemas são exemplos vivos de interacções infinitesimais e contínuas entre cada um dos seus elementos. Uma alteração nestes sistemas, por muito pequena que seja, é instantaneamente transmitida de modo a que esse ecossistema gera uma resposta perante essa alteração. Pode parecer absurdo, pois de facto nós não temos essa sensação directa do extremamente complexo e gigantesco conjunto de alterações e interacções que um ecossistema gere em cada momento, mas esta interacção contínua de acção-resposta é o que caracteriza a funcionalidade de cada sistema ecológico do nosso universo. O acesso do homem aos ecossistemas é, por esta razão, um fenómeno extremamente interessante para o sistema, ao mesmo tempo que de uma complexidade extraordinária e muito difícil de quantificar. Aos nossos olhos só chegam alguns sinais, muito desfasados, dessa sofisticada e intrincada interacção. Um dos sinais está nas plantas frutícolas que, de modo espontâneo ou subespontâneo, vão surgindo no tapete vegetal em que vivemos.
Muitos são os exemplos de árvores e arbustos frutícolas que integram a nossa vegetação. Pilriteiros (Crataegus monogyna), abrunheiros (Prunus spinosa), escalheiros (Pyrus spp.), roseiras (Rosa spp.), medronheiros (Arbutus unedo) são alguns dos muitos exemplos de indivíduos que, de forma espontânea, acompanham há milhões de anos a nossa flora silvestre. Mas a chegada do homem, com as suas actividades agrícolas, fez com que muitas outras espécies com utilidade frutícola acabassem por integrar-se na nossa paisagem vegetal. Marmeleiros (Cydonia oblonga), nespereiros (Eriobotrya japónica), alfarrobeiras (Ceratonia síliqua), oliveiras (Olea europaea), amendoeiras (Prunus dulcis), cerejeiras-bravas (Prunus spp.), castanheiros (Castanea spp.) são alguns dos exemplos dessa interacção entre o homem e os ecossistemas em que ele vive.
No Jardim Botânico da UTAD poderá observar exemplares destas e doutras espécies de frutícolas silvestres, ou de outras espécies frutícolas que, trazidas pela mão do homem, acabaram por se incorporar nas nossas comunidades vegetais. Um verdadeiro exemplo de acolhimento e integração.