Colecção temática Plantas Arcaicas

Entre os grupos de amigos da nossa infância sempre está a figura daquele “outro”, esse do qual só nos lembramos muito esporadicamente, sem razão aparente e que nem sabemos já qual era o seu nome. Esse outro partilhou algum tempo connosco, se calhar mais do que pensamos, mas não lhe dávamos muita atenção porque não formava parte do nosso círculo mais estreito de amigos. Mas, mais tarde, esse outro acabou por ter uma família e uma vida muito afortunada e extremamente bem-sucedida; chegou a ser chefe de uma importante empresa, foi muito popular e, após o seu declínio perante os numerosos competidores, hoje vive uma reforma feliz e muito calma. As Magnólidas são o outro

A colecção das arcaicas são um exemplo do que vale a humildade, o empenhamento e a perseverança. De facto podemos espreitar rapidamente o seu percurso evolutivo e vemos como este grupo botânico, aparentemente transitório, foi afinal uma peça fundamental e determinante para a existência das plantas com frutos ou angiospérmicas.

As Magnólidas são, portanto, plantas com frutos, uma originalidade do período Jurássico, embora tivesse tentativas anteriores em grupos já extintos. Juntamente com as Magnoliáceas, paleotropicalismos asiáticos ou americanos, temos na nossa flora actual outras Magnólidas temperadas, como é o caso das Nymphales (onde estão os nenúfares das charcas de água) ou das Lauráceas (onde estão os populares loureiros). Todas estas plantas caracterizavam-se pela presença de flores hermafroditas com muitas peças florais e, em ocasiões, de tamanhos desproporcionados. Também a nível vegetativo mostravam ainda pouca variabilidade: folhas simples que, no caso de terem lóbulos, eram poucos e muito grandes; ramos pouco ramificados; ou a tendência a manter um tronco principal (circunstância esta que acaba por retirar muita plasticidade de crescimento à planta). Estas angiospérmicas vasculares foram sempre o outro das formações vegetais Cretácicas, uma época caracterizada pelo desenvolvimento ainda incipiente da nossa actual flora. Por esta razão, as Magnólidas foram as que tiveram que competir com as gimnospérmicas, formando bosques mistos com estas últimas e abrindo assim o caminho para as modernas angiospérmicas.

O outro, aquele que também começava a aparecer nos bosques do fim do Jurássico; que conviveu com as gimnospérmicas; que teimou em expor as vantagens de criar frutos, perante umas gimnospérmicas que sem sabe-lo já estavam caducas… É este outro que nas fotos de grupo aparece sempre atrás ou a um lado; aquele um bocado esquisito, que não compreendemos nem queremos compreender… É ele quem, com o seu exemplo e constância, acabaria por marcar o destino das contemporâneas plantas com fruto. Não perca esta colecção e venha a conhecer os outros do Jardim Botânico da UTAD.

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