Flora da Região Demarcada do Douro

Flora da Região Demarcada do Douro

Publicado a 2012-09-22

Em 1941 teve inicio um dos projectos florísticos mais decisivos para a história da florística duriense. Um reduzido grupo de alunos finalistas, quase todos do Instituto Superior de Agronomia (J. Gomes Pedro, L. Grandvau Barbosa, J. Pinto Lopes, M. Myre ou F. José Garcia, na companhia do jovem colector J. Pedrogão de Jesus), sob a orientação do professor João de Carvalho e Vasconcellos (1897-1972) e o investigador Francisco Ascensão Mendonça (1889-1982), seriam os que levassem a cabo um projecto inovador para a sua época: estudar a diversidade florística na Região Demarcada do Douro. O objectivo desta enorme tarefa constituía um repto, até a época inusual, o de caracterizar a potencialidade produtiva do vinho do Porto a partir do comportamento da diversidade vegetal existente nesta região vitivinícola.

Esta iniciativa decorre ao mesmo tempo que, o ainda jovem doutorando, Arnaldo Rozeira -orientado pelo eminente professor da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, Gonçalo Sampaio- inicia o que seria a sua tese de doutoramento A flora da província de Trás-os-Montes e Alto Douro (Memórias da Sociedade Broteriana 3, 1944). Inicia-se assim umas das mais apaixonantes corridas pelo conhecimento florístico, tendo como palco principal a Região Demarcada do Douro.

A paisagem duriense passa a ser testemunha silenciosa deste agitado e incesante esforço investigador. Deste modo, diversos locais acabariam por formar parte da história botânica desta incomparável região transmontano-duriense. Pontos de encontro, como Barca d´Alva ou Covas do Douro, entre outras (Peso da Régua, Freixo-de-Espada-à-Cinta, Tua, Vale da Vilariça, etc.), cosntituiriam centros neurálgicos a partir dos quais partiriam expedições botânicas já clássicas, na história desta ciência em Portugal.

Uma aventura científica como esta não acabaria com tão ilustres investigadores. Outros botânicos, como António R. Pinto da Silva ou, mais recentemente, José Alves Ribeiro ou António Coelho da Costa, continuariam esta volumosa pesquisa florística.. Finalmente, o Herbário do Jardim Botânico da UTAD decide reunir todo este esforço numa obra que, atendendo à enorme riqueza florística da Região Demarcada do Douro, acaba por ser publicado em três volumes. Um primeiro volume de organografia e análise da conservação, da passo ao segundo volume onde estão recolhidas perto de 1.280 taxa, como representação da impressionante diversidade florística desta parte do país. Como epílogo a este pormenorizado trabalho de investigação, o terceiro volume pretende ser uma pequena homenagem a todos aqueles botânicos que foram os protagonistas desta emocionante aventura científica, e sem os quais não seria possível realizar um trabalho como este.

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