Conservação do Jardim Botânico da UTAD

A conservação é uma das prioridades de um jardim botânico contemporâneo. Associado à ideia clássica da grandeza pelo número de espécies que consiga albergar, os jardins botânicos chegaram a representar também a grandiosidade de um país, a sua projeção ultramarina e a sua perícia económica e militar. Um jardim botânico não devia ser só um mostruário de diversidade florística, ao mesmo tempo essa riqueza de espécies também devia servir de montra oficial do poder de uma nação. Este objetivo duplo, onde o número de espécies era também sinónimo de influência mundial, impregnou o espírito divulgador e científico dos jardins botânicos ao longo de vários séculos. Mas no século XX os jardins botânicos foram adquirindo uma outra funcionalidade, que acabaria por encobrir em alguns casos essa finalidade quase obsessiva pela diversidade taxonómica. A conservação passou a transformar-se numa prioridade nos jardins botânicos em todo o planeta.

Independentemente da polémica que possa ser levantada entorno à utilidade, efetividade e projeção dos processos de conservação, não há qualquer dúvida relativamente ao papel da humanidade como garantia do sucesso da conservação. Os humanos não só devemos ser merecedores de primeiros prémios na destruição do recurso vegetal, antes ao contrário, o facto de sermos conscientes deste prejuízo obriga-nos a tentar evitá-lo na medida do possível. Aqui é onde os jardins botânicos ocupam uma posição estratégica, uma vez que passam a ser autênticos bancos de germoplasma dessa diversidade. Estes bancos de germoplasma não só conservam o DNA nos herbários, bancos de sementes, de culturas in vitro ou doutro tipo. Nos jardins botânicos a conservação prioritária é em forma de plantas mãe, e para isso é preciso desenvolver um plano de propagação, engorde e aclimatação de espécies, acompanhado de processos de divulgação e de reintrodução em habitats alterados ou ameaçados.

O Jardim Botânico da UTAD leva a cabo um complexo processo de conservação, através da propagação e manutenção de plantas mãe pertencentes a espécies raras, ameaçadas ou em perigo de extinção. No Quadro que é aqui exposto estão indicadas as espécies que, atualmente, estão a ser objeto de processos de conservação no Jardim Botânico da UTAD.

Para realizar estas tarefas foram instalados um conjunto de áreas de propagação e aclimatação ao longo do Jardim. As coleções temáticas jogam aqui também um papel decisivo, pois cada uma delas está formada por plantas mães, selecionadas de acordo com a sua origem e vigor reprodutivo (sexual ou assexual). Todas as nossas visitas podem participar nestas tarefas de conservação, participando nos trabalhos de propagação, aclimatação, engorde e manutenção geral dos indivíduos.

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